segunda-feira, 27 de maio de 2013

Entrevista com o Jô


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Vivendo e aprendendo. A frase é batida, mas ela se encaixa perfeitamente na trajetória recente de Jô. Revelado pelo Corinthians e com passagens por CSKA (RUS) e Manchester City (ING), o atacante, de 26 anos, demorou para encontrar a boa fase depois de retornar ao futebol brasileiro.

Antes de cair nas graças da torcida do Atlético-MG com gols, raça e entrosamento com Ronaldinho, o camisa 7 teve de deixar de lado as noites regadas a bebidas alcoólicas no período em que defendeu o Internacional, entre 2011 e 2012.

Com a cabeça no lugar, ele reatou o casamento com a esposa Cláudia e reencontrou a felicidade. Mais do que isso, também reencontrou o caminho gol. Ao lado de Bernard, Ronaldinho e Tardelli, Jô forma, na sua própria opinião, o melhor quarteto ofensivo do Brasil.

A fase é tão boa que pensar em retornar à Seleção Brasileira não é mais um sonho distante. E daí que Felipão não o convocou para a Copa das Confederações? A Copa do Mundo é a principal meta.

LANCE!Net: Você e o Atlético-MG vivem grande fase. Quais os motivos de tamanho rendimento?
Jô: É tudo confiança. Quando você tem confiança tudo fica melhor. E eu estava sem confiança, não estava jogando, aconteceram algumas coisas extracampo, problemas, enfim... Cheguei aqui pelo fato de não ter jogado no Inter, desacreditado por algumas pessoas. Aqui, tive a confiança do presidente, do Cuca e da torcida. Mesmo com meu histórico extracampo do Inter. Eles confiaram no meu futebol. Hoje, me sinto uma pessoa mais confiante e posso jogar um bom futebol.

L!Net: O que de fato aconteceu no Internacional. Você pode falar?
Jô: Atitudes minhas erradas, precipitadas algumas vezes. No meu modo de pensar, eles também tomaram atitudes precipitadas, mas às vezes necessárias. A gente se incomoda um pouco de estar no banco, nenhum jogador gosta. Aí, acabou juntando uma coisa com a outra e isso interrompeu minha passagem pelo Inter. Às vezes, você faz uma coisa para acontecer outra. Hoje, no Atlético-MG, estou vivendo meu melhor momento; É claro que algumas coisas a gente se arrepende de ter feito, mas aconteceu...

L!Net: Do que se arrepende?
Jô: Do que fiz fora de campo. Na época, estava solteiro. A gente acaba extrapolando em algumas coisas. No caso de em um evento você beber demais e extrapolar, pelo fato de estar no banco e não estar jogando. Estava com alguns problemas particulares na família também. Com tudo isso na cabeça, você acaba fazendo algumas coisas fora de hora, coisas erradas. No Inter, algumas coisas às vezes não têm muito diálogo. Por isso, acho que poderia ter ficado dentro do clube, mas acabou acontecendo. Mas, enfim, tive que pedir desculpa para muita gente quando cheguei aqui (no Atlético-MG), porque fui julgado, ouvi muita coisa ruim. Acho que muitas pessoas que me julgaram errado, hoje, me aplaudem pela boa fase.

L!Net: O que mudou do Jô do Internacional paro o Jô do Atlético-MG?
Jô: Primeiramente, apoio da família. É importante estar sempre conversando com os pais, ouvindo broncas. Mesmo mais velho, ainda tenho que escutar, eles são meus pais. É claro que a maturidade vem a cada dia que passa. Estou com 26 anos, mais experiente. Estava separado, e, de sete meses para cá, consegui reatar meu casamento. Ter uma mulher ao lado te ajuda. Por fim, tenho feito grandes jogos, estou mais maduro. Tenho família, esposa e amigos. Todos me ajudam.


Jô teve passagem polêmica e apagada pelo Internacional (Foto: Ricado Rimoli)

L!Net: O Atlético-MG de hoje é o melhor time em que você já jogou?
Jô: O Cuca foi muito feliz quando começou a montar essa equipe. Ele conseguiu montar um time com jogadores de características diferentes. Tudo se encaixou e o entrosamento surgiu rápido. Não sei se é o time mais redondo, joguei no City (Manchester) com Yaya Touré, Tevez, David Silva. A gente consegue jogar mantendo velocidade e posse de bola. Não posso falar que é o melhor (Atlético-MG), mas é um dos melhores times. A gente vem fazendo boas atuações desde 2012.

L!Net: É o melhor time do Brasil?
Jô: É difícil falar, não posso dizer, porque são muitos bons times. Hoje, o Grêmio tem um grande time. Cruzeiro e Corinthians também. O Galo é um dos melhores times. Talvez, é o time que mais tem dado trabalho ao adversário. A gente tem um entrosamento muito grande, nos movimentamos muito bem.

L!Net: E como é sua vida fora de campo em Belo Horizonte? Conseguiu deixar de lado a bebida alcoólica?
Jô: Hoje fico mais com minha esposa, faço as coisas com ela. Realmente é uma coisa que consegui superar (bebida). Foi mais aquele momento no Sul. Vivi o meu pior momento no Internacional e não consegui ajudar a equipe. Sempre fui uma pessoa do bem, mas naquele momento tive alguns problemas. Estava irreconhecível. Hoje tenho uma vida bem mais tranquila. Saio para jantar, vou na casa de amigos, etc.

L!Net: Você acha que vive a melhor a melhor fase da sua carreira?
Jô: Sem dúvida, vivo a melhor fase. Estou mais maduro e confiante. Tive uma ótima passagem pelo CSKA também. Lá (Rússia), consegui minha primeira convocação para a Seleção Brasileira. Mas eu era muito novo (19 anos) ainda e tudo era novidade na minha vida. Hoje, estou pronto. A melhor fase de um jogador é quando ele tem 26, 27 anos.

L!Net: Esperava ser convocado para a Copa das Confederações?
Jô: Fiquei esperando, sim. Eu aguardava pelo que estou fazendo atualmente. Não só eu, como metade do time do Atlético-MG esperava essa convocação. Agora é continuar focado no trabalho, porque uma hora essa chance vai reaparecer. E, quando aparecer, vamos agarrar. Quem sabe na Copa do Mundo, né?

L!Net: Recentemente, o Pelé disse que o Corinthians poderia ser a base da Seleção. E o Atlético-MG?
Jô: São dois times fortes. Não considero um melhor que o outro, mas acho que estamos num nível muito bom. Então, acredito que o Atlético-MG poderia servir como base também. Ciente disso, a gente esperava mais jogadores do Galo na convocação do Felipão para a Copa das Confederações. Mas são critérios diferentes, nós respeitamos o Felipão e vamos torcer muito para o Brasil.

L!Net: E, por falar em técnico, como é a sua relação com o Cuca?
Jô: Tenho o prazer de estar trabalhando com o Cuca, ele que me pediu para vir para o Atlético-MG. Devo muito a ele. O Cuca não é aquele treinador que "falou tá falado". Ele é um cara brincalhão também. É um profissional muito correto, merecedor.

L!Net: Você tinha o desejo de se aposentar no Corinthians. Ainda tem?
Jô: Disse isso uma vez pelo fato de ter crescido lá, me tornado profissional no Corinthians. Todo jogador pensa em parar na equipe que começou. Hoje, pelo carinho que tenho aqui dos torcedores, dos funcionários, da cidade maravilhosa que é BH, é claro que a gente começa a pensar em um monte de coisa, quem sabe até encerrar aqui. O Atlético-MG me fez pensar muito na minha vida. Tenho mais uns 10 anos de carreira. Mas penso, sim, em parar aqui no Galo


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